Parto normal ou parto natural

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As palavras podem ter tanta força quanto os conceitos que à volta delas são criados!

Adjectivar o parto como “normal” cria a ideia de que há partos que não são normais. Existem, claramente, diferentes formas de se dar à luz e temos partos sujeitos a uma série de intervenções médicas, que a grande maioria das vezes são puramente rotineiras, que lhe retiram, sim, a “naturalidade” e que têm consequências francamente desvantajosas para a mulher e o recém-nascido.

De facto o parto deixou de ser visto como um processo natural na vida das mulheres e tornou-se mesmo um procedimento médico de alta complexidade como se as mulheres não fossem capazes de dar à luz sem a ajuda da moderna tecnologia. Sou 100% a favor dela quando é necessária e diria 100% contra quando é aplicada por mera rotina e respeito por protocolos desprovidos de evidência científica.

Como em tudo na vida, também no que diz respeito ao nascimento, qualquer ideia pré-concebida ou atitude fechada, não me faz sentido algum.

Acredito, respeito e defendo que deve ser respeitado que, para algumas mulheres, alguns procedimentos técnicos como a utilização de analgesia seja imprescindível, pois como em qualquer outra situação, também a tolerância à dor é individual; sendo no entanto de ressalvar que as condições ambientais que a mulher em trabalho de parto se encontra, podem beneficiar ou não a libertação do cocktail hormonal que é facilitador do trabalho de parto. 

Considero que existe uma construção social que é sobrevalorizada em detrimento da realidade biológica.

É imprescindível que a mulher grávida possa reunir as condições necessárias ao desenvolvimento de um parto harmonioso e que passa por um lado por acreditar e saber que está apta a fazê-lo, e por outro lado, que tenha presente pessoas que acreditam no seu poder pessoal, que sejam da sua confiança e lhe transmitam a segurança, e tranquilidade nos momentos mais desafiantes. Estas são as condições base para que as hormonas que facilitam o trabalho de parto possam ser libertadas – não é por mero acaso que os animais escolhem lugares seguros e sossegados para terem as suas crias!

Existem determinadas reacções orgânicas favoráveis ao desenvolvimento de um trabalho de parto, que quando permitimos que ocorram, diminuem a dor de parto e que necessitam de determinadas condições ambientais como afecto, suporte físico e emocional, atenção continuada da parte de alguém da confiança da parturiente, luz baixa, temperatura amena e o uso restrito da palavra… 

Também será importante referir que um parto induzido é muito mais doloroso que um parto “espontâneo”. O espontâneo tem as hormonas naturais a trabalhar a favor da grávida e do seu bebé, porque funcionam como um analgésico, para além de ter os benefícios de um processo tipicamente progressivo em vez de repentino.

AS MULHERES SEMPRE SOUBERAM COMO DAR À LUZ E OS BEBÉS SEMPRE SOUBERAM COMO NASCER!

Um parto natural e humanizado respeita as necessidades básicas, a integridade, e acima de tudo as escolhas da mulher (!) – consequentemente não está sujeito a intervenções desnecessárias, é tendencialmente fisiológico (na sua essência) porque inicia quando o bebé está pronto para nascer; as contracções ocorrem ao ritmo de cada díade mulher/bebé e a mulher instintivamente movimenta-se e encontra as posições mais adequadas para si, que naturalmente facilitam o processo e que são posições tendencialmente verticais (de cócoras, de pé ou num banco ou cadeira desenhados para o efeito), de quatro ou na água  – bendita água!

Quando o bebé nasce vai direitinho para o colo da mãe porque o contacto pele com pele é essencial para o bem estar de ambos; o corte do cordão umbilical só é realizado depois de este parar de pulsar (e este tempo é precioso para a sua imunidade futura) e em pouco tempo o bebé vai começar a mamar!…Nice & Easy!

Diria que a arte de bem parir é não complicar o que a natureza faz com tanta sabedoria e manter-se informado para fazer as suas escolhas conscientes e não as da vizinha, da prima, do obstetra X ou Y e/ou que sejam baseadas em medos ou preconceitos.

“Que as escolhas das mulheres reflitam a sua consciência e empoderamento, e não o medo ou qualquer forma de pressão, culpabilização ou desinformação” (APDMGP)

Se este é um tema do seu interesse, informe-se e faça a sua escolha, consciente!

Até Breve!

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