O nascimento termina um ciclo e abre um novo.
Quando um bebé nasce, nasce também uma mãe que precisa de tantos cuidados e apoio como o seu bebé recém-nascido.
Na sociedade Portuguesa parece que estamos a começar a aperceber-nos lentamente da importância dos primeiros 40 dias após o nascimento de um bebé.
Estes primeiros quarenta dias, ou 6 semanas de pós-parto são um período em que as mães não se devem preocupar com nada, para que possam estar livres e disponíveis para conhecer o seu bebé e poder responder às suas necessidades, ao mesmo tempo que recuperam da magnitude das transformações por que passaram, ou vão passar.
Este novo papel de conhecer um novo ser humano e de compreender como satisfazer as suas necessidades pode ser, por vezes, avassalador e frustrante, mas também extremamente bonito.
Se confiar nos teus instintos é algo estranho para ti, então este é um bom tema para investires durante a gravidez, pois ser-te-á útil.
Estamos tão habituados a procurar respostas fora de nós, na internet, entre amigos ou familiares, que nos esquecemos que cada ser humano é único e que os recém-nascidos e a sua adaptação à vida extra-uterina também o são. Por isso, o que funcionou com o recém-nascido de alguém que conheces, pode não funcionar contigo e com o teu bebé.
Os padrões e comportamentos dos recém-nascidos podem mudar quase todos os dias e várias vezes por dia nestes primeiros meses, enquanto se adaptam a um mundo completamente novo, e isso por si só pode ser exaustivo para as recentes mães.
O pós-parto é um período de recuperação, integração e (re)equilíbrio ao entrar numa nova fase da vida
A NOSSA ORQUESTRA
As respostas do Sistema Nervoso, do Sistema Imunitário e do Sistema Hormonal nunca devem ser dissociadas. Eles formam um todo e funcionam todos em uníssono como uma orquestra.
Onde há uma emoção, há uma resposta no cérebro, assim como no seu sistema hormonal e no sistema imunitário.
Isto é válido e é da maior relevância para a adaptação do recém-nascido ao nosso mundo, assim como para as novas mães ou qualquer outra pessoa que esteja em processo de recuperação.
Do teu lado, que és mãe
É importante teres em mente que o teu corpo acabou de enfrentar o desafio de criar um bebé e de o dar à luz. Gastou uma enorme quantidade de energia durante a gravidez, para não falar do parto em que, para além da intensidade do acontecimento, provavelmente perdeste sangue e ainda podes ter sofrido feridas ou lacerações.
Tudo junto faz com que seja um grande desafio!
É tão importante que todos os que te são mais próximos e íntimos te apoiem com coisas simples que podem ter uma influência positiva no teu bem-estar geral, como seja cuidar da casa, entregar refeições, fazer uma massagem, ir ás compras, etc.
Na perspectiva do recém-nascido
É tanta coisa a acontecer em simultâneo. Quando nascemos entramos num mundo completamente novo!
Imagina que te foste deitar uma noite e depois de muito abanão e apertão, és expulsa/0 da tua cama e acordas na lua – a luz, a temperatura, os sons, a sensação na pele, todos os cheiros, a comida, a respiração…é tudo novo!
É através do contacto físico com a mãe e com o pai que os recém-nascidos conseguem recuperar as referências que tinham da vivência no útero.
O HABITAT natural dos bebés é o contacto com a mãe (e com o pai) porque é através dos 5 SENTIDOS (tato, olfato, visão, audição e paladar) que os bebés REGULAM todo o seu sistema fisiológico.
Não te esqueças que mãe e bebé são uma díade!
Ser uma Díade significa que são dois corpos/ 1 sistema, ou seja tudo o que melhora o seu estado geral de bem-estar terá um impacto positivo no teu bebé, que acaba por voltar para ti – uma verdadeira pescadinha de rabo na boca.
Em algumas culturas orientais e na Ayurveda há um grande investimento para ajudar e apoiar as novas mãe a manterem-se equilibradas nas primeiras 6 semanas após o parto. Há séculos que estas culturas compreenderam que precisam de dar tempo ao corpo para sarar e à mente para se adaptar ao “NOVO” que é ser a versão terrestre do útero, 24 horas por dia, 7 dias por semana.
O que para estas culturas orientais é um ritual porque faz parte da sua cultura, para as ocidentais é um luxo ou um sinal de fraqueza.
Mas tenho de ser só eu a cuidar do meu bebé?
Não, claro que o pai também está incluído, mas ser uma díade significa que mãe e bebé se co-regulam mutuamente e tu vais querer estar com o teu bebé a maior parte do tempo para a regulação do teu sistema nervoso também, para além de que a amamentação também ajuda a que assim seja.
( Doula, Massagem gravidez e pós-parto; Fotografia e Video de parto e Maternidade)